Há registros a respeito da doação de extensas áreas a capitães-mores,
datadas entre 1600 e 1633 (ano da invasão holandesa),
com várias referências a topônimos que hoje fazem parte do município de Parnamirim.
O Rio Pitimbu, com seus nomes antigos, é uma delas. Porém,
apesar das distribuições feitas pelos capitães-mores e da cobiça
dos fidalgos por propriedades, as terras de Parnamirim
permaneceram inaproveitadas e despovoadas por séculos.
Em 1881, a região foi cortada pelos trilhos da linha férrea entre
Natal e Nova Cruz, seguindo de perto o traçado do velho caminho
para a Paraíba e o Recife. Sabe-se também que as terras ao sul do
Pitimbu estavam, em 1889, nas mãos do senhor do Engenho Pitimbu,
João Duarte da Silva. Posteriormente, o fidalgo comprou a maioria
das propriedades vizinhas, incluindo uma grande área de tabuleiro
plano ao sul do rio que dava nome à propriedade, distante 18
quilômetros de Natal. A área era conhecida como ?a planície de
Parnamirim? e fazia parte do Engenho Cajupiranga.
Em 1927, o português Manuel Machado passou a ser o novo dono
das terras do Engenho Pitimbu, que se estendiam dos limites
com os Guarapes, Macaíba, ao norte, e as terras do Engenho
Cajupiranga, ao sul. Ele adquiriu fazendas, sítios, engenhos
e terras férteis, mas também áreas extensas e desabitadas.
Com a posse das terras não esperava ganhar nenhum título
nobiliárquico, mas apenas que a cidade crescesse e exigisse
novos espaços para moradias.
No entanto foi em meio à aventura dos pioneiros da aviação
civil que Parnamirim nasceu. Em 1927, foram abertas diversas
rotas aéreas no Brasil. Para isso, foram escolhidas algumas
áreas ao longo dessas rotas a fim de que se pudesse ser
instalada uma rede de aeroportos.
Dessa forma, a Compagnie Generale Aéropostale - CGA
(antiga Compagnie Générale d´Entreprise Aéronautique - CGEA)
instalou o campo de pouso (para ser a cabeça da linha
transatlântica na América do Sul) numa área doada pelo
então dono da maior parte das terras pertencentes ao
"município", o comerciante Manuel Machado, que contava
com a imediata valorização do restante da sua propriedade.
Nesse mesmo período, foi construída "uma estrada de rodagem,
ligando Natal ao campo de aviação em Pitimbu", facilitando,
assim, a instalação da Aéropostale no Estado. Essa estrada,
na verdade, era uma estrada carroçável que saía do caminho
que levava ao porto dos Guarapes, em Macaíba, passava pelo
engenho Pitimbu e acompanhava a linha férrea Natal/Nova Cruz,
até o novo campo.
Nos anos seguintes, com a expansão das atividades da Aéropostale,
que viria a ser absorvida em outubro de 1933 pela Air France,
Manuel Machado vendeu novos pedaços de terra para a ampliação
do "aeroporto de Parnamirim".
Em 1933, a Air France absorveu todas as companhias privadas de
aviação civil. Novos investimentos foram feitos no campo e a
companhia estatal francesa transferiu os hangares e demais
instalações para o outro lado da pista de pouso, onde hoje
estão as instalações da Base Aérea de Natal. A partir daí,
ficou reconhecida a importância de Parnamirim para o
desenvolvimento da aviação internacional.
Com o desenrolar da Segunda Guerra Mundial, o governo Vargas se
viu forçado a assinar um acordo de defesa mútua (julho de 1941),
ceder as áreas para a instalação de bases norte-americanas
no Nordeste (outubro de 1941), romper relações diplomáticas
com a Alemanha, Itália e Japão (janeiro de 1942) e, por fim,
em 22 de agosto, declarar guerra aos países do Eixo.
A construção das bases naval e aérea, em Natal, seria
fruto desses acordos.
Para manter as aparências da participação conjunta nos esforços
de guerra e salvar a auto-estima brasileira, o governo criou por
decreto a Base Aérea de Natal, que daria o impulso decisivo
para o surgimento da cidade de Parnamirim. A pista de pouso
das companhias comerciais dividia ao meio o campo de Parnamirim.
Os brasileiros ficaram com o lado oeste, onde já estavam as
instalações da Air France e da companhia de aviação italiana
(LATI), desativadas desde o início da guerra na Europa.
Eram instalações modestas demais para atender o esforço de
guerra dos aliados e os americanos preferiram ocupar o lado leste.
Lá, eles estavam construindo um novo campo, a Base Leste:
Parnamirim Field, o maior campo de aviação e base de operações
militares que os Estados Unidos viria a ter, durante a Segunda
Guerra, fora do seu território.
Em termos estratégicos, Parnamirim Field foi a base de um triângulo
que apontava para o "teatro de operações" (o norte da África e o
sul da Europa), onde a sorte dos aliados contra os nazistas estava
sendo lançada. Este triângulo era identificado nos mapas estratégicos
norte-americanos como Trampoline of Victory.
Somente em outubro de 1946, dezessete meses após a rendição da Alemanha,
a Base Leste foi entregue a Força Aérea Brasileira. No mesmo ano foi
inaugurada a Estação de Passageiros da Base Aérea de Natal, elevada à
condição de Aeroporto Internacional Augusto Severo, em 1951.
Para não deixar o Brasil por fora dos conhecimentos tecnológicos
que a corrida espacial certamente traria à humanidade, o presidente
Jânio Quadros criou a Comissão Nacional de Atividades Espaciais
(CNAE). Como conseqüência, em 12 de outubro de 1965, o Ministério
da Aeronáutica oficializou a criação do Centro de Lançamentos
da Barreira do Inferno (CLBI), instalado em área do município
de Parnamirim, e que nos dez anos seguintes, deu a Natal a fama
de "Capital Espacial do Brasil", desenvolvendo vários projetos
internacionais em parceria com a NASA. Um dos motivos que levar
am à escolha do Nordeste para a instalação de uma base brasileira
de lançamento de foguetes já é conhecido e comprovado pela sua
posição estratégica em relação ao tráfego aéreo entre a Europa,
Norte da África e Estados Unidos.
Fonte: Wikipédia
Conheça mais detalhadamente
"A história de Parnamirim" por Carlos Peixoto
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